A BVS amplia progressivamente a interoperabilidade, entendida como a integração e comunicação entre as fontes e fluxos de informação, tanto entre suas instâncias como entre estas e outras redes associadas. Assim, o conjunto de metodologias e aplicativos das fontes de informação da BVS (ver Metodologias das fontes de informação da BVS) é desenvolvido de acordo com esta premissa.

A interoperabilidade entre as fontes e fluxos de informação é determinante para a convergência dos dados e conteúdos produzidos e operados pelas instâncias geográficas e temáticas da BVS de forma descentralizada numa única rede. A interoperabilidade é portanto, uma diretriz estratégica para a sustentabilidade do marco de operacional de trabalho em rede da BVS (ver A BVS como marco operacional de trabalho em rede).

Seguindo este modelo conceitual, a BVS integra e interopera metodologias e tecnologias por meio de sistemas de informação de forma colaborativa. Os sistemas são organizados em camadas, ou níveis de processamento, esquematizados a seguir:

nível dado – contém os arquivos ou bases de dados com os registros de conteúdos. Os arquivos de dados estão acessíveis baseando-se em protocolos de acesso aberto, o que permite sua indexação por mecanismos de busca ou indexadores;

nível índice – contém os arquivos de índices para recuperação dos dados organizados nos sistemas ou bases de dados. Essa camada é representada por diferentes indexadores aplicados aos mesmos arquivos de dados.

nível interface – conjunto de diferentes interfaces, na maioria páginas Web, mas incluindo-se também telefonia móvel, TV digital, entre outros, que acessam os índices para recuperação e navegação nos conteúdos. As interfaces são, portanto, ilimitadas em número e formatos de apresentação.

O que caracteriza esta organização em camadas é a independência entre os três níveis, tornando possível a operação dos sistemas e fontes de informação da BVS em diferentes servidores, sistemas computacionais, aplicação de designs e concepção de interfaces distintas, etc. Esta organização, definida como arquitetura baseada em serviços, empacota os conteúdos da BVS e os disponibiliza em diferentes produtos e serviços de informação.

Para além da ampliação da visibilidade e acessibilidade da rede de conteúdos, a adoção progressiva da arquitetura baseada em serviços no desenvolvimento da BVS e de suas redes associadas é primordial para a consolidação das redes sociais e dos ambientes aprendizes e informados, pois instrumentalizam a rede com ferramentas interoperáveis, escaláveis e interativas.

A BVS e as redes às quais está associada (ver Redes associadas) utilizam protocolos abertos de interoperabilidade e ferramentas colaborativas que promovem a interação das redes sociais, tais como, RSS, OAI; páginas wiki, blogs, fóruns, chats; comentários de usuários e ranking de documentos, serviços personalizados baseados em perfis de preferência, social bookmarking, folksonomy, aplicações mashup, entre outros.

A expressão das redes sociais na Internet tem sido relacionada ao termo Web 2.0, associado ao conceito de uso das tecnologias na promoção do compartilhamento de informação e conhecimento e colaboração entre usuários. Esse termo, no entanto, não representa uma atualização das especificações técnicas da Web e sim uma nova forma de usar as suas potencialidades, tanto para os usuários finais quanto para os desenvolvedores de aplicações.

Neste sentido, a BVS está no estado da arte desta tendência e atende as estas novas demandas. A perspectiva da BVS a Web é abordada e compreendida como uma plataforma baseada em serviços providos por diferentes aplicações, originados em diferentes espaços e produzidos por diferentes instituições. Em sintonia com esta abordagem, o software, por exemplo, não é mais visto como um produto e sim como um serviço.

A utilização de padrões de interoperabilidade é inexorável ao desenvolvimento de aplicativos organizados segundo a arquitetura baseada em serviços, uma vez que estes desenvolvimentos são construídos a partir de serviços Web locais que são distribuídos e utilizados por toda a rede.

O modelo conceitual, analítico e de implementação dos serviços Web e, por consequência, a arquitetura baseada em serviços, tem como exemplo um serviço de busca em uma base de dados qualquer. No modelo conceitual, esse serviço Web pode ser originado por uma aplicação que recuperará uma lista de resultados de acordo com a busca executada. Ao mesmo tempo, essa aplicação pode estar integrada em um portal para disponibilizar aos usuários a lista de resultados da busca correspondente. Trata-se, respectivamente, dos serviços Web, dos widgets e portais.

Segundo esse modelo conceitual, e analisando as possibilidades de utilização de um serviço Web de busca, o serviço pode ser utilizado ou reutilizado de diferente maneiras, por exemplo, para uma busca livre ou avançada. Dessa forma, um serviço de busca livre pode ser executado por uma aplicação responsável pela disponibilização de uma caixa de busca e essa, por sua vez, integrada em diferentes portais. O mesmo se aplica para o serviço de busca avançada e um formulário de busca avançada integrado a um portal.

Considerando que ambos os modelos conceitual e analítico podem ser implementados, por exemplo, nas coleções da rede SciELO, é possível desenvolver um conjunto de serviços Web disponíveis em cada uma das instâncias SciELO e a partir destes, desenvolver diversas aplicações invocando esses serviços. Essas aplicações podem ser utilizadas no desenvolvimento de novos portais ou integrá-las em portais existentes para disponibilizar novos serviços de informação aos usuários.

A explicitação e aplicação desses modelos, em arquitetura baseada em serviços no contexto da BVS e suas redes associadas, promovem a interoperabilidade das redes de fontes de informação por meio da disponibilização em acesso aberto de repositórios/diretórios de serviços Web e aplicações (widgets), os quais podem ser invocados ou reutilizados por outras aplicações e pelos desenvolvedores envolvidos nessas redes.

A plataforma de serviços personalizados, com o seu caráter de identificação única do usuário, funciona como um passaporte que é válido para todas as instâncias das redes BVS e SciELO. O registro, assim como o uso dos serviços personalizados, é gratuito. O passaporte e a gestão dos serviços personalizados valerão futuramente para as redes CVSP, ePORTUGUÊSe e outras redes associadas.

A expectativa é de que o número e o tipo de serviços oferecidos se ampliem de forma progressiva no futuro, como o compartilhamento de documentos da minha coleção e dos meus perfis de interesse; a funcionalidade de Single Sign-On, a qual possibilitará o reconhecimento automático do usuário em ambas as redes, com apenas um login realizado em qualquer uma das redes; entre outros.

A necessidade de interoperação entre as aplicações e sistemas de informação é facilitada progressivamente pelo aumento dos níveis de portabilidade, reutilização, criação de componentes com baixa dependência entre eles e utilização de padrões. A incorporação destes mecanismos pela BVS estabelece uma nova governança de serviços Web, resultando na utilização deste modelo pelas suas redes associadas.